quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A deficiência – um breve histórico


* Capítulo do meu TCC do Curso de Especialização Tecnologia em Educação - PUC Rio


O entendimento da pessoa com deficiência passou por inúmeras mudanças no decorrer do processo histórico, tanto na sua conscientização diante da sociedade, como também no encaminhamento educacional.
“Para se ter a dimensão do entendimento que a sociedade tem sobre o individuo deficiente precisamos nos reportar ao passado, e localizar nas diferentes épocas, o retrato que se fixou, culturalmente, sobre a ideia das diferenças individuais e que se converteu no atual modelo de atendimento a este sujeito nas várias instituições, principalmente no sistema do ensino regular.” (ROCHA, 2000, p.3)
Gugel (2008) expõe que na era primitiva, as pessoas com deficiência não sobreviviam, devido ao ambiente desfavorável. Afinal, para seu sustento, o homem primitivo tinha que caçar e colher frutos, além de produzir vestuário com peles de animais. Com as mudanças climáticas, os homens começam a se agrupar e juntos irem à busca de sustento e vestimenta. No entanto, somente os mais fortes resistiam e segundo pesquisadores, era comum nesta época desfazerem de crianças com deficiência, pois representava um fardo para o grupo.
Segundo Gugel (2008), no Egito Antigo, as múmias e os túmulos nos mostram que a pessoa com deficiência interagia com toda sociedade. Já na Grécia, as deficiências eram tratadas pelo termo “disformes” e devido à necessidade de se manter um exército forte os gregos eliminavam as pessoas com deficiências. Em Roma, as crianças que nasciam com deficiência, os pais tinham o direito de afogá-las, no entanto, muitos casais abandonavam seus filhos em cestos no Rio Tibre ou em outros lugares sagrados. Os que conseguiam sobreviver tornavam-se pedintes ou atrações de circo. Em tempos de conquistas de novos mundos, Roma começa a receber das guerras soldados amputado e então cria um centro hospitalar. Surge neste momento o cristianismo que combate a eliminação de crianças com deficiência e cria hospitais de caridade que atendem indigentes e pessoas com deficiências.
Rocha (2008) aponta que na Idade Média a ignorância enxergava a pessoa com deficiência como um castigo de Deus e os supersticiosos viam como instrumentos para uso de feiticeiros e bruxos.  “A atitude cristã primitiva para o indivíduo anormal era incoerente, algumas vezes considerando-os obra do demônio e outras vezes interpretado como possessões divinas.” (ROCHA, 2008, pp. 3 e 4).
Na Idade Moderna as ideias foram se renovando. O humanismo presente no Renascimento das artes, da música e das ciências transformou de certo modo o olhar para as pessoas com deficiência. No século XV nasce o código de sinais para os deficientes auditivos e surgem também as próteses e cadeiras de rodas devido às amputações causadas pela guerra. Os séculos XVII e XVIII foram marcados pelo grande investimento em hospitais que atendiam pessoas com deficiência visual e auditiva, e se especializam em ortopedia para suprir as necessidades dos multilados. A perturbação mental começa a ser vista com doença e finalmente nesta época foram libertados das correntes no qual eram obrigados a ficar. No século XIX, é criado o Braille para oportunizar a leitura dos deficientes visuais. Neste mesmo século percebesse que a pessoa com deficiência não precisava apenas de hospitais e abrigos, mas também de um acompanhamento especializado. Este pensamento traz novas mudanças e grupos se organizam para reabilitar as pessoas para continuar trabalhando em outros setores. (GUCEL, 2008).
Com toda essa movimentação na Europa, aqui no Brasil, foram criados o Imperial Instituto dos Meninos Cegos em 1854 (hoje, Instituto Benjamin Constant) e o Imperial Instituto de Surdos Mudos em 1857 (atualmente, Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES). Grande parte das pessoas atendidas por estes dois institutos eram abandonadas pela família e vinha de todo o país.
No século XX, passa a acontecer avanços significativos para as pessoas com deficiência. Os instrumentos utilizados para locomoção e aprendizagem começam a serem aperfeiçoados. A Europa inicia uma reflexão a cerca de que a pessoa com deficiência deveria compartilhar com o cotidiano da sociedade e logo as novas ideias se espalham pelo mundo. O presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt, que era paraplégico, contribuiu muito para que os norte-americanos e o mundo tivesse uma nova visão sobre as pessoas com deficiência, dedicando-se à promoção de boas condições de reabilitação e assim possibilitando uma maior independência. Porém na Segunda Guerra Mundial, o mundo assiste inúmeras atrocidades, e são exterminados não só judeus, mas também crianças e adultos que apresentam alguma deficiência. Os que não foram assassinados tiveram que ser submetidos à esterilização em nome de se construir uma raça pura. (GUCEL, 2008; ROCHA, 2008)
A sociedade Mundial diante deste histórico teve que mais uma vez se reorganizar para superar os problemas trazidos pela guerra. Cria-se, então a Organização das Nações Unidas – ONU – que tem como objetivo dar encaminhamentos para a solução dos problemas. As nações se unem para dar melhor condições a seu povo e após três anos de sua fundação nasce a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
“Art. 1º Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.
Art. 2º Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua,  religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.” (DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, 1948).
Assim, se iniciam as solidificações das instituições em todo o mundo, buscando tornar a vida das pessoas com deficiência mais adaptada a sociedade. Principia então uma nova política social e a pessoa com deficiência é integrada a vida em sociedade com mais respeito e entendimento de que também têm capacidade para aprender e produzir.

Referencia Bibliográfica:
Declaração Universal Dos Direitos Humanos. Disponível em: < http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm > Acesso em 16 de set 2010.

GUGEL, M. A. A pessoa com deficiência e sua relação com a história da humanidade. Artigo preparado para o Programa de Qualificação da pessoa com deficiência da Microlins, Florianópolis, SC, 2008. Disponível em: < http://www.ampid.org.br/Artigos/PD_Historia.php > Acesso em 15 de set 2010.

ROCHA, M. S. O Processo de Inclusão na Percepção do Docente do Ensino regular e Especial: Breve histórico sobre a deficiência. In: Monografia apresentada como conclusão de curso de Pós-graduação em Educação especial – Área de Deficiência Mental, Universidade Estadual de Londrina. 2000. p.3-10. Disponível em: < http://www.scribd.com/doc/20378146/Breve-Historico-da-Deficiencia > Acesso em 07 de out 2010.

Um comentário:

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